domingo, 14 de fevereiro de 2010

Carolina Maria de Jesus


Quem foi Carolina Maria de Jesus?
Um resgate da história do negro, e uma busca aos apontamentos que está no Dicionário Literário Brasileiro de Raimundo de Meneses, tenho a resposta.
O livro quarto de Despejo foi escrito por uma favelada negra, semi-analfabeta que causou um autêntico impacto na consciencia do povo deste país, no final do Século XX e início do século XXI. Sua autora Carolina Maria de Jesus e seu descobridor o jornalista Audálio Dantas, que inclusive trabalhou em São José do Rio Preto-SP, no extinto Jornal A Notícia. Ambos jamais poderiam imaginar o poder explosivo que estava contido no diario escrito por uma mulher pobre, negra, catadeira de papeis, de cuja a repercussão surgiria uma verdadeira confissão de culpa por parte de toda a sociedade branca tradicionalmente dominante, por haver perpetrado o estabelecimento de um clima de injustiça e de brutalidade sobre as populações afro-descendentes. Esses atos de violência ainda hoje se registram mesmo depois da abolição da escravidão no Brasil. Carolina Maria de Jesus é mineira de Sacramento, nascida em 1914, era neta de escravos, seu pai não chegou a conhece-la era um tocador de violão e não gostava de trabalhar, foi criada portanto somente com a mãe, com quem passou grandes privações, razão pela qual teve de abandonar o curso primário para ajudar no sustento da casa. Depois de muitas peripécias em Minas veio pra São Paulo e acabou morando e vivendo na favela do Canindé, onde hoje está constrído o Campo da Portuguesa de Desportos. O seu livro alcançou a tiragem de 10 mil exemplares e foi traduzido para trinta idiomas, merecendo uma reedição com tiragens de 100 mil unidades. Além do mais foi adaptado para o rádio, teatro, televisão e o cinema. O caráter social desta obra fez por fim a Favela do Canindé, na época o maior problema enfrentado pela cidade de São Paulo. Depois desta obra Carolina publicou o Diario de Bitita em 1996, Casa de Alvenaria -crônicas, Pedaço da Fome (romance). Depois Carolina caiu no esquecimento. E o Diario de Bitita foi conhecido primeiro na França em 1982, e somente ai em 1986 o Brasil pode publicar esse livro. Ela realçava a or e as condições sociais vividas pelo Negro.
Há um livro do historiador Joel Rufino, realçando a história de Carolina. E quando estudava na UFscar conheci, uma sobrinha de Carolina Maria de Jesus. O resgate da memória é sempre um bom exercício de reflexão.
Manoel Messias Pereira
professor de História

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