sábado, 22 de maio de 2010

Meus sonhos de menino

Um dia a gente fala um pouco da gente. De uma forma bem simples e caseira de falar. Nos meus sonhos de meninos nunca pensei em ser jogador de futebol, nunca sonhei em ser motorista de carro ou outro veijculo qualquer, enunca sonehi em ser atleta ou forte.

Fui uma criança, que adorava olhar o bairro com todos os problemas, mas via ali o meu paraiso. O meu pai era trabalhador numa algodoeira que ficava bem próximo da rodoviária em São José do Rio Preto-SP, cujo o proprietário era conhecido por Sr. Japurá. Um senhor meio careca de bigode que tinha uma esposa bonita e bem mais nova do que ele. Mas segundo as más linguas ele gostava mesmo era de nifetas e até tinha uma casa cheias de garotinhas, sei lá talvez pra sonhar como quem desejasse um "arem" no Brasil. Mas este era um papo de adulto e eu não queria saber.

O meu pai, trabalha e gastava todo o dinheiro com bebidas e mulheres, adorava uma boa farra. Minha mãe cuidava da casa e tinha que trabalhar. E eu ficava cuidando de minha irmã dois anos mais nova do que eu, e tinha que empurrar um carinho de mão, e consolá-la assim que chorava. Era muito dificil, mas pra sobreviver tinha que ter uma forma, e essa era a mais racional. E graças a Deus, aos Orixás que não havia esse papo de Conselho Tutelar, Promotor, Juiz. Eu com certeza não teria transformado num ser integro e sim um babaca, sem teto e rejeitado por uma sociedade desgraçadamente machista, racista e inescrupulosa como vejo e sinto que é o Brasil.

Aos 8 (oito) anos entre para o primeiro anos escolar na Escola Dr. Cenobelino de Barro Serra, na época ganhei um sapatinho de borracha, que dava um chulé danado no pé, mas era o único que tinha e que além do mal cheiro ainda esqunetava no dia de sol que era uma tortura mas mantinha aquela porcaria nos pés, já acostumados a permanecer sem calçados. Ganhei também uma camisas brancas que serviram como uniforme. É interessante recordar que nesta época eu só tinha uma camisa, meu pai havia ido embora de casa, minha mãe lutando, porque ficamos sem casa e fizemos um barraco de madeira e a nossa janela tinha um plástico, que era cortina. Eu era muito feliz.

Aos 10 anos já no terceiro ano da escola uma professora, chamada Dona Marcia Mendonça, esposa de fazendeiro que chamava Dr. Labiano, ficou muito brava, pois ela queria que fizesse umas cópia do poema do Cassiano Ricardo, ah foi uma chatice e não ia ficar fazendo um monte daquele poema que não gostei. Ela então disse pra deixar de ser malandro. E fiquei olhando pra ela e respondi educadamente:

_Estou numa sala, e posso até ser malandro, mas ninguém vai tirar um melhor conceito, do que a minha pessoa.

E ao longodo ano cumprir a minha promessa, fiquei considerado o melhor aluno de 1966, levando a professora vir abraçar-me e elogiar. E ela perguntou-me que seria ao crescer. Eu respondi que seria professor e escritor.

Havia uma fraseque dizia que o homem completo precisava plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Aos 18 anos já escrevendo artigos em diversos jornais, encontrei a minha professora no Banco Bradesco que ficava na Rua Bernadino de Campos em São José do Rio Preto-SP, entre as Ruas Marechal Deodoro e Rua Silva Jardim, ela veio abraçou e começou a chorar,falou coisas de sua vida particular falou que gostaria que eu fosse o filho dela e que ia para Volta Redonda-RJ, onde morava a sua filha Marcinha e o Marcinho, juntamente com o Labianinho. Nunca mais ouvir falar dela. Foi essa professora que permitiu que plantasse uma árvore na Escola. (Plantei uma árvore)

O meu primeiro curso na faculdade foi de Estudos Sociais, eu que formei-me pra professor de Educação Moral e Cívica e Organização social e Política Brasileira. Virei o professor o meu sonho de menino foi completado.



Antes de formar-se já estava envolvido em projetos como a formação da cultura afro, e do movimento por um mundo mais justo, dai o contato com o PCB Partido Comunista Brasileiro e um grupo de jovens que pensamos em criar um núcleu de estudos da cultura afro. Paralelamente surgiu a oportunidade de organizar umgrupo musical e participei do "Grupos Irmãos Morenos" já que todos eram negros e entrei como baterista. O tempo passou e entrei para a Orquestra "Rinaldo e sua Orquestra", inicialmente como ritmista e deposi baterista. E no mesmo momento organizei o Grupo de Danças Tie Terra, na qual tive a felicidade de conhecer a Fatima Carozzi, apresentada para mim pelo Professor Valentim Ayres Dosualdo. Conheci o Vasco o Sr. Antonio Roberto Vasconcelos e ficamos amigos e mais tarde viemos militar no PCB. Foi um momento importante, e dificil pra mim. Casei e pensei já posso ter um filho. E no dia 2 de julho de 1982, nasceu o meu filho Thiago Vinícius.

Quase completei a busca de um sonho, já havia plantado uma árvore, e ja tinha um filho. E neste ano fui classificado no 2. Lugar do Festival de Concurso de Poesias declamadas, fui congratulado com o Diploma de destaque especial no III Concurso de Poesias de Brasilia, e recebi a Menção Honrosa no IV Concurso Nacional em 1983. E fiquei como finalista do I Concurso de Cronica sergio Porto do Rio de Janeiro, e em 1986 consegui ter publicado em livro 10 poemas no Cadernos Negros do Grupo Quilombhoje. Trabalhei juntamente com um grupo de jovens pra organizar a Semana de Cultura Afro em São José do Rio Preto em 1981 e 1982. E em 1988 comeei a trabalhar na rede Publica de ensino e dai a idéia de colocar em pauta a cultura negra para o processo educacional assim já nos anos 90, conseguimos juntamente com oito professores apresentar num congresso de educação uma proposto que originou o Coletivo Milton Santos da Apeoesp e em seguida apresentamos a proposta na CNTE de Goias, e dai as propostas para o Ensino no Brasil que virou lei no Governo Lula, ou seja a Lei 10639.

Com isto pude estabelecer uma pauta educacional, no respeito, na leitura de vida, e na valorização dos movimento populares, hoje dia 22 de maio fico sabendo que a ONU proclama do dia 21 de maio como o "Dia Mundial da Diversidade", ou seja o dia do diálogo do respeito e isto é de fundamental importânia pra todos os cidadãos. Há uma necessidade de entendimento mundial, sabemos que será dificil mas o meu sonho de menino, que fez -me homem, está alicerçando um mundo que posso tomar como meu.



Manoel Messias Pereira
minha auto-biografia
e meus sonhos concretizando.

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