quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

As chuvas no Rio de Janeiro



Helicópteros vão reforçar buscas por vítimas da chuva






As buscas por vítimas na Região Serrana do Rio, onde o número de mortos chega a 301, terão o apoio de helicópteros nesta quinta-feira. Durante a madrugada, uma chuva fraca atingiu as cidades de Teresópolis e Petrópolis, mas sem registro de novos deslizamentos. Em Nova Friburgo, a comunicação ainda é precária, já que o sistema de telefonia foi atingido.

A procura por desaparecidos continuou durante a madrugada em Friburgo e Teresópolis, mas teve que ser interrompida em Petrópolis, onde a falta de luz prejudicou os trabalhos. Segundo bombeiros, por volta das 7h, os trabalhos recomeçam na cidade. vários bairros da Região Serrana foram atingidos.

Na quarta-feira, o governador do Rio, Sérgio Cabral, pediu ajuda à Marinha no trabalho de resgate. Em resposta, a Marinha disponibilizou dois helicópteros (um Esquilo e um Super Puma) para o transporte de pessoal e equipamentos dos bombeiros. Esses helicópteros se juntam a outros cinco do governo do estado na missão de carregar equipes e equipamentos serra acima. Cabral visitará a região nesta quinta. A presidente Dilma Rousseff, que já liberou R$ 780 milhões para os municípios do Rio de Janeiro e São Paulo atingidos pelas chuvas, também vai sobrevoar a Região Serrana nesta quinta.

De acordo com a Defesa Civil, em Teresópolis, morreram 130 pessoas no que o governo do estado chegou a descrever como a maior tragédia da história da cidade. Em Nova Friburgo, morreram 107 pessoas, de acordo com o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Em Petrópolis, os mortos são 34, a maioria deles no Vale do Cuiabá, no Distrito de Itaipava.

O coronel Souza Vianna, comandante do 15º GBM (Petrópolis), afirmou que o trabalho de resgate foi suspenso no trecho da estrada que liga Itaipava a Teresópolis, no sentido contrário ao fluxo do Rio Santo Antônio, conhecido como Vale do Cuiabá, devido à falta de luz e à quantidade de lama.

Já em Teresópolis, segundo o secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil do município, Flávio Castro, as buscas continuam em nove dos 17 pontos atingidos pela chuva. Ele afirmou que o trabalho se intensifica nos bairros do Espanhol e Barra do Imbuí. Nas outras áreas, os trabalhos foram suspensos por falta de iluminação, e recomeçam às 6h desta quinta. O secretário estima que há cerca de 25 desaparecidos.

Saiba com ajudar os desabrigados e desalojados na Região Serrana

Falta de luz, telefone e transporte

A infraestrutura da região foi atingida com severidade. Houve falta de luz, telefone e transporte nas três cidades. Bairros inteiros ficaram isolados e só na noite desta quarta-feira equipes de resgate começaram a dar conta da catástrofe em algumas das áreas mais atingidas. Em um desses esforços, foi resgatado com vida, sem arranhões, um bebê de seis meses de idade em Friburgo.

Oitocentos homens da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros tentam localizar desaparecidos em Teresópolis. O secretário do Ambiente do estado do Rio de Janeiro, Carlos Minc, classificou a chuva como a "maior catástrofe da história de Teresópolis". “Não foi possível escolher o que ia cair. Casa de rico, casa de pobre. Tudo foi destruído”, disse a empregada doméstica de 27 anos, Fernanda Carvalho.

A prefeitura designou dois abrigos para receber desabrigados: o Ginásio Pedrão, no Centro de Teresópolis, com capacidade para 800 pessoas, e um galpão no Bairro Meudon, onde podem ser alojadas 400 pessoas. Os desalojados na cidade são 1280 e os desabrigados, 960.

Os bairros mais atingidos em Teresópolis foram Bonsucesso, Caleme e Biquinha. Também registraram vítimas Poço dos Peixes, Vale Feliz, Fazenda da Paz, Posse, Paineiras, Jardim Serrano, Parque do Imbuí, Granja Florestal e Barra do Imbuí, Pessegueiros e Salaquinho.

Em Nova Friburgo, a maior parte das vítimas morava no bairro de Conselheiro Paulino. A chuva forte deixou a cidade sem sinal de telefonia, sem luz e sem transporte na quarta. À tarde, moradores perambulavam pela cidade cheia de lama sem saber o que fazer. O ginásio de uma escola estadual é usado como necrotério.






Na vizinha Petrópolis, o cenário é semelhante. No distrito de Itaipava, a água atingiu dois metros e meio de altura em alguns pontos da região. Uma escola no distrito abriga 30 famílias desalojadas.

Nelson Machado de Souza, 61 anos, diretor de qualidade da Cervejaria Petrópolis, foi mais uma das vítimas das chuvas. A casa dele e de seus dois filhos – uma ao lado da outra –, no Vale do Cuiabá, foram invadidas pelas águas que transbordaram do Rio Santo Antônio, que atingiu uma extensão de pelo menos 10 quilômetros levando tudo que estava pela frente: “Em pouco mais de 15 minutos, tudo o que era conforto virou um brejo, lamaçal”, disse.

O trabalho de resgate das vítimas da tragédia causada pela chuva na cidade é reforçado por homens do Grupamento de Busca e Salvamento que atuaram no Morro do Bumba, em, Niterói, em Angra dos Reis e no Haiti. À noite, integrantes desse grupamento resgataram com vida um bebê de seis meses de idade. Também resgatado com vida, o pai dele passou 15 horas soterrado, abraçado ao filho.

A Defesa Civil da prefeitura de Petrópolis explica que “toda vez que chove muito nos municípios de Teresópolis e Nova Friburgo, a água que desce da serra provoca o transbordamento do rio Santo Antônio, causando os alagamentos”.






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Manoel Messias Pereira

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