terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Em 4 de janeiro de 1965 - Nasceu a atriz Julia Ormond na Inglaterra(foto) acima






BIOGRAFIA

Abreu, Casimiro de (1837-1860), poeta romântico brasileiro. Dono de rimas cantantes, ao gosto do público, Casimiro de Abreu publicou apenas um livro, As Primaveras (1859). Filho de um rico comerciante, Casimiro de Abreu nasceu em Barra de São João (Rio de Janeiro) e cresceu no Rio, então capital do Império e centro cultural do país. Entre 1853 e 1857, estudou em Portugal. A vocação literária, porém, suplantou a vida acadêmica. Em Lisboa, iniciou-se como poeta e dramaturgo. A peça Camões e Jaú estreou no teatro D. Fernando e, nela, o autor proclama sua brasilidade, as saudades dos trópicos e refere-se a Portugal como "velho e caduco". De volta ao Brasil, dedicou-se à atividade comercial, com o apoio paterno. Mas definia este trabalho como uma "vida prosaica…que enfraquece e mata a inteligência". Morreu aos 21 anos, de tuberculose, em Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro. Seu poema mais famoso é Meus Oito Anos. Da segunda geração romântica brasileira, Casimiro de Abreu cultivava um lirismo de expressão simples e ingênua. Seus temas dominantes foram o amor e a saudade. Embora criticado por deslizes de linguagem e falta de embasamento filosófico, Casimiro de Abreu é admirado, justamente, pela simplicidade. Alguns versos acabaram se incorporando à linguagem corrente como, por exemplo, simpatia é quase amor, hoje nome de um famoso bloco do carnaval carioca.



É pequena a obra poética de Casimiro de Abreu. Porém, deixou-nos de forma marcante, a poesia da saudade: "Canção do exílio" ("Meu lar") em que partia da aceitação premonitória, "Se eu tenho de morrer na flor dos anos", para a formulação de um desejo que se realizou plenamente: "Quero morrer cercado dos perfumes / Dum clima tropical.”. Meus Oito Anos, Minha Terra - poemas escritos em Portugal, onde adquiriu sua educação literária.



--------------------------------------------------------------------------------



MEUS OITO ANOS



Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

— Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é — lago sereno,

O céu — um manto azulado,

O mundo — um sonho dourado,

A vida — um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d'estrelas,

A terra de aromas cheia

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!

Oh! meu céu de primavera!

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Da camisa aberta o peito,

— Pés descalços, braços nus

— Correndo pelas campinas

A roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo.

Adormecia sorrindo

E despertava a cantar!

................................

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

— Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras

Debaixo dos laranjais!



Índice

--------------------------------------------------------------------------------





A VALSA



Tu, ontem,

Na dança

Que cansa,

Voavas

Co'as faces

Em rosas

Formosas

De vivo,

Lascivo

Carmim;

Na valsa

Tão falsa,

Corrias,

Fugias,

Ardente,

Contente,

Tranqüila,

Serena,

Sem pena

De mim!



Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas...

— Eu vi!...



Valsavas:

— Teus belos

Cabelos,

Já soltos,

Revoltos,

Saltavam,

Voavam,

Brincavam

No colo

Que é meu;

E os olhos

Escuros

Tão puros,

Os olhos

Perjuros

Volvias,

Tremias,

Sorrias,

P'ra outro

Não eu!



Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas...

— Eu vi!...



Meu Deus!

Eras bela

Donzela,

Valsando,

Sorrindo,

Fugindo,

Qual silfo

Risonho

Que em sonho

Nos vem!

Mas esse

Sorriso

Tão liso

Que tinhas

Nos lábios

De rosa,

Formosa,

Tu davas,

Mandavas

A quem ?!



Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas,..

— Eu vi!...



Calado,

Sozinho,

Mesquinho,

Em zelos

Ardendo,

Eu vi-te

Correndo

Tão falsa

Na valsa

Veloz!

Eu triste

Vi tudo!



Mas mudo

Não tive

Nas galas

Das salas,

Nem falas,

Nem cantos,

Nem prantos,

Nem voz!



Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!



Quem dera

Que sintas!...

— Não negues

Não mintas...

— Eu vi!



Na valsa

Cansaste;

Ficaste

Prostrada,

Turbada!

Pensavas,

Cismavas,

E estavas

Tão pálida

Então;

Qual pálida

Rosa

Mimosa

No vale

Do vento

Cruento

Batida,

Caída

Sem vida.

No chão!



Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas...

Eu vi!



Índice





--------------------------------------------------------------------------------



MINHA'ALMA É TRISTE



Minh'alma é triste como a rola aflita

Que o bosque acorda desde o alvor da aurora,

E em doce arrulo que o soluço imita

O morto esposo gemedora chora.

E, como a rôla que perdeu o esposo,

Minh'alma chora as ilusões perdidas,

E no seu livro de fanado gozo

Relê as folhas que já foram lidas.

E como notas de chorosa endeixa

Seu pobre canto com a dor desmaia,

E seus gemidos são iguais à queixa

Que a vaga solta quando beija a praia.

Como a criança que banhada em prantos

Procura o brinco que levou-lhe o rio,

Minha'alma quer ressuscitar nos cantos

Um só dos lírios que murchou o estio.

Dizem que há, gozos nas mundanas galas,

Mas eu não sei em que o prazer consiste.

— Ou só no campo, ou no rumor das salas,

Não sei porque — mas a minh'alma é triste!

II Minh'alma é triste como a voz do sino

Carpindo o morto sobre a laje fria;

E doce e grave qual no templo um hino,

Ou como a prece ao desmaiar do dia.

Se passa um bote com as velas soltas,

Minh'ahna o segue n'amplidão dos mares;

E longas horas acompanha as voltas

Das andorinhas recortando os ares.

Às vezes, louca, num cismar perdida,

Minh'alma triste vai vagando à toa,

Bem como a folha que do sul batida

Bóia nas águas de gentil lagoa!

E como a rola que em sentida queixa

O bosque acorda desde o albor da aurora,

Minha'ahna em notas de chorosa endeixa

Lamenta os sonhos que já tive outrora.

Dizem que há gozos no correr dos anos!...

Só eu não sei em que o prazer consiste.

— Pobre ludíbrio de cruéis enganos,

Perdi os risos — a minh'alma é triste!

III Minh'alma é triste como a flor que morre

Pendida à beira do riacho ingrato;

Nem beijos dá-lhe a viração que corre,

Nem doce canto o sabiá do mato!

E como a flor que solitária pende

Sem ter carícias no voar da brisa,

Minh'alma murcha, mas ninguém entende

Que a pobrezinha só de amor precisa!

Amei outrora com amor bem santo

Os negros olhos de gentil donzela,

Mas dessa fronte de sublime encanto

Outro tirou a virginal capela.

Oh! quantas vezes a prendi nos braços!

Que o diga e fale o laranjal florido!

Se mão de ferro espedaçou dois laços

Ambos choramos mas num só gemido!

Dizem que há gozos no viver d'amores,

Só eu não sei em que o prazer consiste!

— Eu vejo o mundo na estação das flores

Tudo sorri — mas a minh'alma é triste!

IV Minh'alma é triste como o grito agudo

Das arapongas no sertão deserto;

E como o nauta sobre o mar sanhudo,

Longe da praia que julgou tão perto!

A mocidade no sonhar florida

Em mim foi beijo de lasciva virgem:

— Pulava o sangue e me fervia a vida,

Ardendo a fronte em bacanal vertigem.

De tanto fogo tinha a mente cheia!...

No afã da glória me atirei com ânsia...

E, perto ou longe, quis beijar a s'reia

Que em doce canto me atraiu na infância.

Ai! loucos sonhos de mancebo ardente!

Esp'ranças altas... Ei-las já tão rasas!...

— Pombo selvagem, quis voar contente...

Feriu-me a bala no bater das asas!

Dizem que há gozos no correr da vida...

Só eu não sei em que o prazer consiste!

— No amor, na glória, na mundana lida,

Foram-se as flores — a minh'alma é triste!



Índice



--------------------------------------------------------------------------------



DESEJO



Se eu soubesse que no mundo

Existia um coração,

Que só por mim palpitasse

De amor em terna expansão;

Do peito calara as mágoas,

Bem feliz eu era então!



Se essa mulher fosse linda

Como os anjos lindos são,

Se tivesse quinze anos,

Se fosse rosa em botão,

Se inda brincasse inocente

Descuidosa no gazão;



Se tivesse a tez morena,

Os olhos com expressão,

Negros, negros, que matassem,

Que morressem de paixão,

Impondo sempre tiranos

Um jugo de sedução;



Se as tranças fossem escuras,

Lá castanhas é que não,

E que caíssem formosas

Ao sopro da viração,

Sobre uns ombros torneados,

Em amável confusão;



Se a fronte pura e serena

Brilhasse d'inspiração,

Se o tronco fosse flexível

Como a rama do chorão,

Se tivesse os lábios rubros,

Pé pequeno e linda mão;



Se a voz fosse harmoniosa

Como d'harpa a vibração,

Suave como a da rola

Que geme na solidão,

Apaixonada e sentida

Como do bardo a canção;



E se o peito lhe ondulasse

Em suave ondulação,

Ocultando em brancas vestes

Na mais branda comoção

Tesouros de seios virgens,

Dois pomos de tentação;



E se essa mulher formosa

Que me aparece em visão,

Possuísse uma alma ardente,

Fosse de amor um vulcão;

Por ela tudo daria...

— A vida, o céu, a razão!



Casimiro de Abreu

Índice





--------------------------------------------------------------------------------





AMOR E MEDO



Quando eu te vejo e me desvio cauto

Da luz de fogo que te cerca, ó bela,

Contigo dizes, suspirando amores:

"Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"



Como te enganas! meu amor, é chama

Que se alimenta no voraz segredo,

E se te fujo é que te adoro louco...

És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...



Tenho medo de mim, de ti, de tudo,

Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.

Das folhas secas, do chorar das fontes,

Das horas longas a correr velozes.



O véu da noite me atormenta em dores

A luz da aurora me enternece os seios,

E ao vento fresco do cair cias tardes,

Eu me estremece de cruéis receios.



É que esse vento que na várzea — ao longe,

Do colmo o fumo caprichoso ondeia,

Soprando um dia tornaria incêndio

A chama viva que teu riso ateia!



Ai! se abrasado crepitasse o cedro,

Cedendo ao raio que a tormenta envia:

Diz: — que seria da plantinha humilde,

Que à sombra dela tão feliz crescia?



A labareda que se enrosca ao tronco

Torrara a planta qual queimara o galho

E a pobre nunca reviver pudera.

Chovesse embora paternal orvalho!



Ai! se te visse no calor da sesta,

A mão tremente no calor das tuas,

Amarrotado o teu vestido branco,

Soltos cabelos nas espáduas nuas! ...



Ai! se eu te visse, Madalena pura,

Sobre o veludo reclinada a meio,

Olhos cerrados na volúpia doce,

Os braços frouxos — palpitante o seio!...



Ai! se eu te visse em languidez sublime,

Na face as rosas virginais do pejo,

Trêmula a fala, a protestar baixinho...

Vermelha a boca, soluçando um beijo!...



Diz: — que seria da pureza de anjo,

Das vestes alvas, do candor das asas?

Tu te queimaras, a pisar descalça,

Criança louca — sobre um chão de brasas!



No fogo vivo eu me abrasara inteiro!

Ébrio e sedento na fugaz vertigem,

Vil, machucara com meu dedo impuro

As pobres flores da grinalda virgem!



Vampiro infame, eu sorveria em beijos

Toda a inocência que teu lábio encerra,

E tu serias no lascivo abraço,

Anjo enlodado nos pauis da terra.



Depois... desperta no febril delírio,

— Olhos pisados — como um vão lamento,

Tu perguntaras: que é da minha coroa?...

Eu te diria: desfolhou-a o vento!...



Oh! não me chames coração de gelo!

Bem vês: traí-me no fatal segredo.

Se de ti fujo é que te adoro e muito!

És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...



Casemiro de Abreu

Em 4 de janeiro de 1839 - Nasceu o poeta casemiro de Abreu.


Em 4 de janeiro de 1988 - Faleceu Henfi, o cartunista, que contraiu o vírus HIV, numa transfusão de sangue.

Em 4 de janeiro de 1940 - nasceu Romeu Januario de Matos, o Milionário da dupla Milionário e Zé Rico, que antes de ser cantor foi pedreiro, garçon e pintor de parede. Mas foi na música que encontrou inspiração e eternizou-se no cenário artístico brasileiro.

Em 4 de janeiro de 1960 - O escritor Alberto Camus, morreu num acidente automobilístico, no sul da França, local onde foi sepultado. recentemente houve a noticia que o presidente Sarkozi, queria remove-lo, da sepultura de Camus em solo francês.

Em 04 de janeiro de 1809 - Nasceu Louis Braille, cego foi professor, musico e inventou o alfabeto para deficientes visuais.

Em 4 de janeiro de 1977 - Nasceu a atriz mexicana Irán Castilho

Em 4 de janeiro de 1934 - nasceu o ator da rede Globo Elias Gleiser

Nenhum comentário:

Postar um comentário

opinião e a liberdade de expressão

Manoel Messias Pereira

Manoel Messias Pereira
perfil

Pesquisar este blog

Seguidores

Arquivo do blog