domingo, 2 de janeiro de 2011

Referendo que decide a separação do Sudão aumenta a tensão militar

 


02-01-2011



Sudão

Referendo que decide sobre separação eleva tensão militar



Cartum - A oito dias do referendo que pode criar o mais novo país do mundo, aumenta o clima de tensão entre os exércitos do sul e do norte do Sudão.







Observadores militares da ONU dizem que os dois lados estão a concentrar tropas em áreas próximas à fronteira que divide o país.







No referendo do próximo dia 9, cerca de 10 milhões de habitantes do sul do país de maioria negra e de religião cristã ou animista decidirão por meio do voto se desejam ou não se separar do norte, governado por uma maioria árabe e muçulmana.







A tensão é mais intensa tendo em vista o que está em jogo: grandes jazidas de petróleo inexploradas no sul.







O referendo é o fruto mais polêmico de um acordo de paz que, em 2005, pôs fim a uma guerra civil que, em 22 anos, deixou mais de 2 milhões de mortos.







Ambos os lados comprometeram-se a aceitar o resultado. No caso de voto pela independência sulista --o resultado mais provável--, o governo central árabe perderá 25 por cento do seu território.







Até agora, o acordo de paz não foi quebrado pelas SAF (Forças Armadas do governo do norte) nem pelo SPLA (Exército de Libertação do Povo Sudanês, do sul).







Porém, nos últimos dias norte e sul têm reforçado as suas posições em áreas próximas à fronteira com novos pelotões e até companhias inteiras, segundo o tenente-coronel do Exército brasileiro, Eduardo Carvalho, que actua no país como observador militar da ONU.







O capitão Rodrigo César de Oliveira Ribeiro, também observador militar, testemunhou o reforço de tropas do SPLA no Estado Unity (sul).







"Utiliza-se (para justificar os reforços não previstos no acordo de paz) argumentos como o treinamento de tropas e, principalmente, a segurança contra grupos nômades que, durante o período de seca, migram do norte para o sul à procura de água, e realizam saques e cometendo delitos", disse.







Mas as migrações de criadores de gado árabes, que deveriam ter começado em Novembro, estão suspensas até a realização do referendo.







O norte possui um Exército regular, com tanques, artilharia e Força Aérea com caças e bombardeos.







As forças do sul, de origem guerrilheira, são um Exército em formação, baseado em infantaria, mas com tanques e defesa antiaérea. Ambos usam armamentos de fabricação russa ou ucraniana.







Segundo Carvalho, o reforço de tropas perto da fronteira, tanto das SAF quando do SPLA, tem uma configuração aparentemente defensiva, caso o referendo falhe, originando nova guerra.







"Os ânimos se acirraram um pouco, é normal, mas nada que faça o acordo de paz ser perdido. Essa é a nossa opinião, mas na África tudo pode mudar de um dia para o outro", disse Carvalho.







A UNMIS, missão da ONU na região, ainda não confirma oficialmente a concentração militar perto da fronteira, mas mandou mais capacetes azuis para a área. A missão tem cerca de 9.500 militares.







"A ONU reforçou a sua presença militar e intensificou o monitoramento para deter qualquer escalada de violência", disse sua porta-voz, Hua Jiang.







Independente, o sul se tornaria um dos países mais pobres do mundo, com 90 por cento dos habitantes que vivem abaixo da linha de pobreza.







Conviveria ainda com guerras tribais, baseadas em disputas por terras e gado.




































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Manoel Messias Pereira

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