Perdão
Depois de ter passado a noite fora,
eu voltei. Havia-o deixado esperando por
mim. Ele sabia que eu havia saído
para encontrar meu amante.
Mas ficou ali, insistentemente
velando aquele espaço da cama
onde o meu corpo à noite era presépio.
Joguei-me na cama ao lado dele.
O meu corpo estava de volta.
Depois da traição, um beijo silencioso,
boca na boca. Tudo vermelho: o pacto
vermelho dos lábios.
Os olhos dele tinham sombras ao redor.
Era o punhal que cravei. Se doía, ele
não dizia. Parecia feliz ao me ver. Aliviado.
Marquei aquela página do dia. Sensação
única de perdão. "Nunca mais fço isso"
Pintei de vermelho as unhas.
Mirian Freitas
Mineira de Caratinga.É professora na Woodrow Wilson School
em Framingham-Massachussets-EUA
Texto publicado na Revista Cult - Oficina Literária
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