quinta-feira, 16 de junho de 2011

No Sesc de São José do Rio Preto "Minha Terra África".

O Sesc de São José do Rio Preto-SP, exibe hoje o drama "Minha Terra África"

As 20 horas no Teatro da Unidade, a entrada é gratuita.

Filme indicado ao Leão de Ouro de Veneza e ao Globo de Ouro de melhor filme Estrangeiro em 2009


Veja abaixo em Omelete a crítica.

Minha Terra, África
White Material
França , 2009 - 102 minutos
Drama

Direção:
Claire Denis

Roteiro:
Claire Denis, Marie N'Diaye, Lucie Borleteau

Elenco:
Isabelle Huppert, Isaach De Bankolé, Christopher Lambert, Nicolas Duvauchelle, William Nadylam, Adèle Ado, Daniel Tchangang, Michel Subor

5 ovos


Toda disputa por poder, antes de ser ideológica, ou mesmo antes de ser uma luta por influência, é um desejo de posse. A francesa Maria Vial (Isabelle Huppert) dedicou a vida adulta a colher café no país africano de colonização europeia onde vive, mas, quando explode uma guerra civil, nada passa a valer menos do que os direitos que ela tinha sobre a fazenda Vial.

Em Minha Terra, África (White Material, 2009), a roteirista e diretora francesa Claire Denis (Desejo e Obsessão, 35 Doses de Rum) volta a tratar da relação doente do país com suas ex-colônias, mas não em defesa de um suposto direito à propriedade, nem como denúncia da exploração. O filme trata como consumado o fato de Maria Vial, ou todo francês na África, viver uma vida emprestada. Ela não é vítima nem capataz, mas espectadora.

Como espectadora, a personagem, a quem Isabelle Huppert dá um semblante muito preciso de perplexidade, não consegue enxergar o cenário todo. Maria vai a uma farmácia e no dia seguinte o lugar foi saqueado e os funcionários, mortos. Vai tomar banho e descobre a banheira suja, vai separar o café e descobre uma cabeça decepada de bode. Maria não vê seus agressores ou os invasores da sua casa - o único nome da revolução, conhecido como Boxeador (Isaach de Bankolé), foi ferido em combate.

O medo gerado por essa ameaça sem rosto é mais danoso do que a ameaça em si. É como o buraco na cerca que aflige o senhor da fazenda, sem entender qual animal invadiu o terreno. O abalo nas certezas de sua rotina, e não a ação dos rebeldes, é que vai determinar, no fim de Minha Terra, África, o destino que a família Vial dará a si mesma. Explicar melhor já seria estragar alguns momentos do filme, mas vale dizer que de conformista Claire Denis não tem nada.

Não é, portanto, uma questão de merecimento que determina quem perde e quem ganha - e o título irônico em português joga com isso. A posse é tão transitória hoje quanto foi na era das navegações. São muito boas as cenas que mostram a reação das crianças africanas ao invadir a fazenda, anestesiadas com o espólio recém-conquistado, como se a guerra terminasse no momento da captura da bandeira inimiga.

O plano final é fundamental: o guerrilheiro, quando sozinho num descampado, fica sem rumo. O campo aberto exige pensar os atos, agir politicamente. Estar na fazenda, não. A posse da casa despolitiza. É a ilusão de pertencer a um lugar, mais uma vez herdada.


Omelete
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Manoel Messias Pereira

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