sábado, 9 de julho de 2011

Às vésperas da independência, Sudão do Sul enfrenta futuro difícil
De Peter Martell (AFP) –



JUBA, Sudão — Poucos dias antes de seu nascimento, o Sudão do Sul, o novo país africano, devastado por décadas de guerra, enfrenta um futuro que se anuncia difícil.

Quando se aproxima sua independência oficial, prevista para 9 de julho, o Sudão do Sul, empobrecido apesar de rico em petróleo, se unirá à lista pouco desejável de nações como Afeganistão e Somália, situadas no nível mundial mais baixo em indicadores sociais e de saúde.

Por exemplo, nessa região morrem mais mulheres devido a complicações pós-parto e durante a gravidez que em todo o resto do mundo.

"Nenhuma mulher deveria morrer ao dar a vida. Infelizmente, o Sudão do Sul tem o índice de mortalidade materna mais elevado do mundo", estimou Alexander Dimiti, médico que trabalha para o fundo popular das Nações Unidas.

A saúde é um dos diversos setores nos quais o Sudão do Sul, uma das regiões mais subdesenvolvidas da África, deve melhorar.

Os desafios são colossais. Conseguir que os políticos e as forças de segurança sejam mais responsáveis, construir escolas, estradas e hospitais são as principais preocupações do novo Estado.

"Temos enormes expectativas, mas também enormes desafios", explicou Joe Feeney, que dirige o programa de desenvolvimento das Nações Unidas no Sul.

A situação continua sendo instável: este ano, em torno de 150.000 sudaneses do Sul foram expulsos de seus locais de moradia e 1.800 morreram em atos de violência no território, segundo estimativas da ONU.

O índice de alfabetização é deplorável, com 90% das mulheres sem saber ler ou escrever.

A infraestrutura é primitiva, as estradas não são acessíveis, sobretudo durante a época de chuvas. As primeiras estradas da capital para a fronteira com Uganda encontram-se atualmente em construção.

Em torno de 300.000 pessoas voltaram ao Sul desde outubro e se espera que outras milhares façam o mesmo nos próximos meses.

O programa de desenvolvimento das Nações Unidas no Sul afirmou que ajuda a alimentar a metade da população.

"Desde o fim do conflito houve avanços, mas isso não basta e o povo está cada vez mais frustrado", indicou Alum Mc Donald, membro da agência humanitária Oxfam.

Mais de 110.000 pessoas refugiaram-se no Sul depois da entrada do exército do Norte na região no conflito de Abyei em 21 de maio.

Segundo especialistas, este é o ano mais mortífero no Sudão desde o fim da guerra há seis anos. Mas alguns temem que o pior está por vir.

A governança continua sendo um assunto chave, com o poder nas mãos do movimento popular de libertação do Sudão (SPLM, ex-rebeldes sulistas).

A oposição denunciou as propostas de uma Constituição transitória, qualificando-a como "ditatorial".

"Os primeiros sinais do novo governo não são alentadores: repressão da imprensa, centralização do poder e recurso à violência", advertiu no mês passado uma coalizão de militantes.

As organizações de direitos humanos acusam o exército sulista - que está na primeira linha para dirigir a transição - de matanças e estupros.

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Manoel Messias Pereira

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