domingo, 9 de outubro de 2011

Nelson Hoineff e fala sobre o cinema

 
Nelson Hoineff, crítico de cinema: "Não temos o poder de dizer se um filme deve ou não ser visto. Não somos deuses, é só um ponto de vista, uma reflexão"

Com a experiência de quase meio século como crítico de cine- ma, Nelson Hoineff é enfático: "Não respei- to resenhas de oito linhas, acompanhadas de desenhos, que avaliam filmes como ruim, regular e ótimo. Isso é até humilhante"



Difícil acreditar que um dos maiores expoentes nacionais em crítica de cinema, fundador da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACC-RJ), e um dos membros da comissão que definiu o filme brasileiro que concorreria ao Oscar 2012, começou sua carreira escrevendo para um suplemento jovem, escrito por meia dúzia de garotos, que saía sempre às quartas-feiras no periódico "O Jornal". Esse foi o início de Nelson Hoineff.



"Convidaram a mim e a outros garotos na época. Eu fiquei sem saber sobre o que escrever e me disseram: ´Poxa, mas você gosta tanto de cinema, escreve sobre isso!´ e eu disse ´É, acho que vou falar disso, sim´", relembra. Em 1967, quando entrou no jornal, com apenas 17 anos, a redação possuía, no entanto, seu crítico de cinema.



"Joaquim gostava muito de mim e dos meus textos, e quando ele tirava férias ou alguma licença, pedia que eu ficasse no lugar dele. Quando ele saiu, eu fiquei como crítico de cinema do jornal", explica o jornalista carioca.



Desde então, a crítica se tornou uma espécie de "ofício paralelo" em sua carreira, acompanhando-o pelas redações. "Fui repórter de esportes e crítico de cinema, editor de esportes e crítico, produtor de TV e crítico, editor-chefe de jornal e crítico... Esteve sempre comigo!", brinca.



Compromisso



O que, no entanto, levou o jovem escritor a gostar de crítica e mesmo de cinema, curiosamente, não foram nem tanto os filmes, mas os textos de Antonio Moniz Vianna, um dos maiores nomes da crítica cinematográfica brasileira. "Meu pai chegava em casa com o ´Correio da Manhã´ debaixo do braço, largava no sofá e aí eu corria e pegava os textos dele pra ler. Ele é que me fazia gostar de cinema", revela.



Para Nelson, o trabalho de Moniz Vianna apresenta bem em que se deve constituir uma crítica. "É um texto que parte do filme para refletir sobre algo. Não necessariamente um texto para dizer se gostou ou não gostou do filme. Isso é muito primário. A crítica é uma análise em profundidade sobre aspectos do filme, que levam inclusive a algo muito maior do que ele. Moniz, por exemplo, parecia que, ao acaso, começava a falar dos filmes", esclarece.



O crítico é veemente ao salientar a necessidade de diferenciar crítica de resenha. Para ele, os textos curtos, seguidos de ícones, que revelam a sinopse e indicam a qualidade do filme chegam a ser humilhantes para quem se esforçou em produzir uma película. "O crítico tem dois compromissos: um com o filme, se está sendo justo com ele, com aquela produção; e outro, com o leitor. Muita gente, nesse sentido, confunde a atividade política com o exercício subjetivo. Tem pessoas que acham que, por serem críticos, receberam do jornal o poder de dizer se um filme deve ou não ser visto. Somos apenas críticos, isso é só a nossa opinião. Não somos deuses", defende.



Diretor de mais de 700 documentários, entre eles o longa-metragem "Alô, Alô, Terezinha!", sobre Chacrinha, Nelson afirma que o fato de ser diretor de cinema fez-lhe repensar sobre o ofício de crítica. "Quando produzi um filme e me coloquei do outro lado do balcão, nas coletivas de imprensa, percebi como alguns críticos tem uma visão simplória das produções. Pensei em como, às vezes, somos levianos", revela.



Brazucas



Avaliando a conjuntura atual do cinema brasileiro, Nelson Hoineff não pensa duas vezes ao destacar um nome: o também carioca José Padilha.



Segundo ele, o diretor dos filmes "Tropa de Elite 1 e 2" (cuja sequência foi indicada para concorrer ao Oscar 2012), tem não apenas feito um excelente trabalho em termos técnicos, mas revolucionado o mercado, levando os brasileiros a novamente lotar salas de cinemas para ver filmes nacionais.



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Manoel Messias Pereira

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