domingo, 2 de outubro de 2011

Romance com enredo que une Pernambuco a Amazônia recebe o Prêmio Haroldo Maranhão 2011

Carlos Correia dos Santos
poeta


Romance com enredo que une Pernambuco a Amazônia é premiado com edição



Livro é protagonizado por personagem negra que cruza com personalidades reais, numa poética costura de fatos históricos do Nordeste e da região Norte.

O romance “Senhora de Todos os Passos”, do escritor Carlos Correia Santos, foi um dos vencedores do Prêmio IAP de Edições Literárias 2011 (Prêmio Haroldo Maranhão). A obra será editada e lançada até o fim deste ano. O livro conta a saga da ousada e espirituosa Maria Xavier, personagem inspirada na avó do autor, uma nordestina que, segundo Correia, fez o anti-êxodo. “Numa época em que a maioria do povo do Nordeste partia rumo ao Sudeste, ele rumou para o Norte. Foi uma mulher fantástica, que teve uma vida cheia de lances espetaculares. Testemunhou o voo do Zepelim, viveu a comoção do assassinato de João Pessoa, esteve perto do universo do cangaço. Foi muito rica e extremamente pobre. Cresci ouvindo as narrativas fabulosas que ela contava. E, justamente por isso, tornei-me escritor. Prometi que, um dia, transformaria os incríveis passos dela em um romance e, para minha grande honra, agora cumpro a promessa”, afirma, emocionado.



A narrativa faz um imenso passeio por episódios importantes da História nordestina e nortista. Do Recife dos anos 20, passando pelas ladeiras de Olinda na década de 50, até o barro da Transamazônica dos idos de 1970, seres fictícios e várias personalidades reais cruzam o infindável caminho de Maria Xavier. Correia transforma em personagens do livro figuras como Bajado, Catulo da Paixão Cearense, Irmã Dulce, Corisco, Dadá, Dulcina de Moraes e até Dorothy Stang. “O enredo vai misturando realidade e fantasia. Exatamente como fazia minha avó. É bem aquilo de contar um conto aumentando os pontos”, diverte-se Carlos. Mas ele completa: “Há, porém, muitas vivências de fato experimentadas por minha família. Uma família de negros pernambucanos que tiveram que lutar muito para que a sorte se transformasse e as coisas pudessem melhorar. É uma obra que respira e transpira muitas dores e alegrias reais”.



Esta é a terceira vez que Carlos ganha o Prêmio IAP. Em 2003, ele venceu a categoria dramaturgia com o texto da peça “Nu Nery” (cuja montagem já foi apresentada em Recife, graças à Caravana Funarte Petrobras de Circulação Nacional). Em 2008, outra peça sua foi laureada: o texto “Batista”. “Senhora de Todos os Passos” é o segundo romance escrito por Correia. O primeiro, “Velas na Tapera”, venceu o Prêmio Dalcídio Jurandir, promovido pela Fundação Cultural Tancredo Neves, em 2008, e foi lançado em Lisboa, no último mês de junho.



ANO BOM



O ano de 2011 tem sido produtivo para Correia. Além do recente prêmio do IAP, de ter lançado “Velas na Tapera” em Portugal, na FNAC Chiado (o escritor é representado na Europa pelos produtores Fercy Nery e Rita Pestana) e de ter duas peças suas apresentadas com bastante êxito em São Paulo (“Perfídia Quase Perfeita” e “A Fábulas das Águas”, montadas pela Cia. Fé Cênica), Correia conquistou o segundo lugar geral da quarta edição do concorrido Seleção Brasil em Cena, edital de fomento à nova dramaturgia brasileira, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB). Carlos foi o único autor da região Norte escolhido para o projeto. O certame selecionou também um escritor do Nordeste. Os demais foram das regiões sul e sudeste. A obra com que Carlos Correia foi destacado é o monólogo “Um é Multidão”. Essa foi a segunda vez que o paraense participou da iniciativa. Em 2007, o escritor também foi selecionado para o concurso justamente com sua comédia “Perfídia Quase Perfeita”.



Criado para propiciar o contato do público com novas dramaturgias e estimular o intercâmbio entre autores, atores e diretores contemporâneos, o Seleção Brasil em Cena permite com que os 12 textos selecionados em cada edição ganhem leituras dramáticas dirigidas por grandes nomes da atual cena teatral brasileira. O texto de Correia foi dirigido por Gilberto Gawronski, ator e diretor vencedor de importantes prêmios, como o Mambembe e o Sharp. Em 2007, a obra do nortista foi dirigida por Stella Miranda, que viveu a síndica do humorístico Toma Lá Dá Cá, exibido na Rede Globo. Apresentadas no próprio CCBB Rio, as leituras dramáticas foram realizadas por alunos formandos em escolas de teatro da capital carioca. Ao final de cada leitura, o público atribuiu notas. Os espectadores deram a Correia o segundo lugar geral na competição.



EUROPA



A literatura é bandeira capaz de estreitar fronteiras. E Carlos Correia Santos pode comprovar isso em sua estada no continente europeu. Seu livro “Velas na Tapera” foi lançado em Lisboa no dia 06 de junho em um evento realizado na FNAC Chiado, com o apoio da Embaixada do Brasil em Portugal. Parte integrante do projeto “Recital Mais Brasil: Da Amazônia para o Mundo”, criado pelo produtor cultural e músico Fercy Nery (representante de Correia no território lusitano, ao lado da pesquisadora Rita Pestana, antropóloga e membro da direção do Núcleo de Lisboa da associação EpDAH), a programação contou com declamação de poemas de Carlos ao som de clássicos do cancioneiro brasileiro e sessão de autógrafos do romance. A execução musical esteve a cargo do próprio Nery e do baterista pernambucano Attila Argay. A sala que acolheu a programação ficou lotada e a apresentação foi aplaudida de pé. A obra passou, então, a figurar na prateleira dos destaques da livraria da FNAC Chiado.



Após o evento na FNAC, Correia seguiu viagem por Espanha, Itália, França, Bélgica, Suíça e Áustria, realizando pesquisas para novos romances e, no final de junho, retornou a Lisboa para mais dois eventos. No dia 30, participou de um jantar especial realizado na sede do Centro InterculturaCidade, dirigido por Mário Alves, membro da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local (Animar). No encontro, Correia falou sobre sua obra, sobre as peculiaridades culturais da Amazônia e firmou contato com artistas europeus e africanos, como o célebre ator e dramaturgo português Helder Costa (autor de espetáculos teatrais já montados em diversas cidades do mundo) e o cantor e compositor angolano Gonçalves Correia, o Chalo.





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Manoel Messias Pereira

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