segunda-feira, 28 de novembro de 2011

IV Colóquio Walter Benjamin da UECE

As turbulências do tempo garantiram a pertinência do pensamento do alemão Walter Benjamin. Sua filosofia é tema, a partir de hoje, do IV Colóquio Walter Benjamin, promovido pelo Grupo de Pesquisa WB e a Filosofia Contemporânea, com o apoio do Mestrado Acadêmico em Filosofia da Uece

Walter Benjamin (1982 - 1940) é uma ave rara na tradição da filosofia alemã - ela mesma (com o perdão do paradoxo) repleta de singularidades. A começar pela qualidade do texto de Benjamin, de uma riqueza estética de fazer inveja a ficcionistas do primeiro escalão. Segundo, por construir sua obra de maneira transversal. É sociologia, estética, crítica literária e memorialismo, sem deixar de ser filosofia. Benjamin também não teve pudores em evocar saberes tradicionais, como o das teologias judaicas, para compreender um mundo complexo, que se despedaçava em guerras continentais, na iminência de uma barbárie global - nas trincheiras e na apatia cotidiana.

O encontro internacional IV Colóquio Walter Benjamin, que começa hoje e se estende até sexta-feira, se espelha na formação deste pensamento ímpar: o debate é filosófico, mas não é fechado apenas aos estudiosos da filosofia. Promovido pelo Grupo de Pesquisa Walter Benjamin e a Filosofia Contemporânea, com o apoio do Mestrado Acadêmico em Filosofia (CMAF), o evento é coordenado pelas pesquisadoras Tereza Callado e Raquel Vasconcelos. Ele nasceu de uma necessidade do grupo de estudos de expandir seu campo de atuação. "Nos reunimos periodicamente para pensar o escoamento desta produção, para trabalhar a integração dos pesquisadores. Para isso, é importante saber o que está sendo produzido em outros lugares", explica Tereza Callado, professora da Graduação e do Mestrado em Filosofia e conhecedora do trabalho do pensador alemão há, pelo menos, 30 anos.

O encontro de estudiosos da obra de Walter Benjamin é particularmente enriquecedor no tempo presente. Afinal, o autor passa por uma nova fase de grande interesse por sua obra - que, no Brasil, tem se manifestado na publicação de livros de interpretes benjaminianos e novas traduções de textos clássicos e inéditos do autor, caso dos recentes "Escritos sobre mito e linguagem" (Editora 34) e "Origem do Drama Trágico Alemão" (Editora Autêntica).

Pesquisadores de universidades locais, caso de Emiliano Aquino e da própria Tereza Callado, juntam-se a estudiosos convidados, como Márcio Seligman-Silva (Unicamp), autor de importantes estudos sobre Benjamin e (outros) pensadores da chamada Escola de Frankfurt; a portuguesa Maria João Cantinho, conhecida pelo ensaio "O Anjo Melancólico - análise do conceito de alegoria na obra de Walter Benjamin"; o alemão Horst Nitschack, professor da Universidade do Chile; e o italiano Vincenzo Bonaccorsi.

Crítico da cultura

A teoria de Benjamin é caleidoscópica. E torna-se ainda mais rica quando se adota uma perspectiva histórica baseada no próprio pensamento do filósofo alemão. Para ele, a História não é um conhecimento estanque. O presente revolve o passado e, assim, questões que antes não interessavam (re)aparecem, ganham destaque.

Daí a dificuldade de escolher uma linha mestra para debater Benjamin em um encontro dedicado ao seu pensamento. "Nos empolga o questionamento benjaminiano sobre o status quo da cultura", explica Tereza Callado. Benjamin, explica ela, elaborou uma crítica do tempo presente, "marcado por uma cultura de massificação e adestramento".

"O homem de hoje é um ruminante. Ele rumina as mesmas coisas, repetidamente, sem alternativa. Ele não encontra alternativas, talvez até mesmo porque não queira encontrá-las. Assim, não exerce a força messiânica que possui", detalha a pesquisadora. Benjamin, contudo, não se perde no saudosismo. Do passado, quer os ensinamentos. Para seguir em frente e construir um novo caminho.

Programação

Hoje
18 horas - Abertura
20 horas - Palestra: "A Educação como exercício para a autonomia em Walter Benjamin", com Custódio Almeida

DIA 29 DE NOVEMBRO

8 horas - Palestra: "Serenidade e Espera em Martin Heidegger e Walter Benjamin", de Eduardo Jorge Oliveira Triandapolis (UECE)
9 horas - Palestra: "Poder, violência, lei e desejo em Walter Benjamin e outros autores", de Hildemar Luís Rech (Faced)
10 horas - Palestra: "Ponderações sobre a repetição infernal da modernidade no contexto de Jenseits des Lustprinzips e sua desarticulação no Jetztzeit", de Tereza de Castro Callado (UECE)
11 horas - Debate
14 horas - 17 horas - Minicurso "Diferença e Significação: reflexões sobre ´Linguagem´, ´Escrita´ e ´Política´, com Benjamin, Derrida e Lyotard", de Raquel Célia Silva de Vasconcelos, Thiago Mota e Fernando Facó
16 horas - Exibição: "O Anjo de Theo Anghelopoulos". Argumento benjaminiano. A Filosofia da História: Barbárie e apocatástase histórica.
17 horas - Fórum

A programação completa está disponível no site oficial do evento:
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MAIS INFORMAÇÕES
IV Colóquio Walter Benjamin - De hoje até sexta-feira, no Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (Av. Luciano Carneiro, 345). Contatos: http://4coloquiowbenjamin.blogspot.com

DELLANO RIOS
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Manoel Messias Pereira

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