terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PT Mistura estação e incomoda Dilma e Militantes



PT “mistura estação” e incomoda Dilma e militantes12/02/2012

 O Ato Político em comemoração aos 32 anos do PT foi um espetáculo típico das grandes reuniões partidárias, recheado de jogos teatrais, de demonstrações de prestígio e desprestígio, e, naturalmente, de gafes inacreditáveis. Uma delas foi a longa interpretação do hino comunista L'Internacionale, feita por uma cantora de ópera, logo na abertura do evento. O imenso telão exibiu, com precisão e brilho cinematográficos, uma Dilma Rousseff claramente incomodada, de lábios contraídos e expressão contrafeita, diante dos trinados da canção, que antecedeu até mesmo a execução do Hino Nacional.



A uma distância de duas cadeiras da presidente, entusiasmado, o governador do Sergipe, Marcelo Deda, cantava os últimos versos de L'Internacionale, agitando o punho para cima, como se fazia no início do século passado, na União Soviética pré-Stalin. Foi mais um lance difícil de digerir para o ex-democrata Gilberto Kassab, convidado estreante num palco do PT.



A previsível vaia a Kassab gerou constrangimento - é claro - mas só um pouco maior que as muitas vezes em que o pemedebista Michel Temer foi recebido com hostilidade por platéias petistas - o que não o impediu de, com o passar de algum tempo, transformar-se no vice de Dilma Rousseff.



De tão insólita, a presença do prefeito virou motivo de piada para a própria platéia, que primeiro ensaiou um "Fora Kassab". Mais tarde, durante a leitura de uma longa mensagem de Lula enaltecendo o governo de coalizão, alguém resolveu gritar: "Fica Kassab!" - provocando gargalhadas no público. Era brincadeira. Até Dilma se divertiu com a piada, e abriu o discurso fazendo menção ao senso de humor dos petistas.



Espantosa foi a recepção a José Dirceu. Quem ataca o hoje deputado cassado e o considera um fantasma na política deveria assistir à maneira como os militantes o recebem em qualquer grande evento do PT. Espanto é a palavra. Ao entrar no palco, Dirceu foi literalmente ovacionado de pé por longos minutos, pelas quase duas mil pessoas que lotavam o auditório, e que entoaram: "Dirceu, guerreiro do povo brasileiro!". Depois dele, foram chamados outros petistas que ganharam o carimbo de "mensaleiros", também recebidos calorosamente, mas não na mesma medida que Dirceu.



Em política, é preciso ler sinais e símbolos - quase sempre são recados de satisfação ou insatisfação, de prestígio ou desprestígio. Para representá-lo na ocasião solene, o PMDB, principal partido da aliança, entre tantos pemedebistas no ministério, no governo e no Congresso, enviou o hoje inexpressivo deputado Mauro Benevides, que, aos 82 anos, teve de enfrentar o embaraço de informar a uma jornalista que estava ali representando, sim, o PMDB do vice Michel Temer.



Na saída do auditório, enquanto Dilma terminava o discurso, petistas e simpatizantes já bebericavam champagne. Mas quando se aproximaram da bandeja com fatias de bolo de chocolate envelopadas individualmente em saquinhos decorados com a estrela vermelha, levaram um tranco do cerimonial, que chamou a atenção da garçonete desavisada: "Aqui, não! Sirva só lá dentro!" - apontando em direção à ala dos vips petistas, devidamente cercada com grades de metal. As mesmas, aliás, que são usadas na Esplanada dos Ministérios, para afastar manifestantes do Palácio do Planalto.



Quem sabe ler símbolos, que interprete. Feliz aniversário, PT!







Christina Lemos é jornalista em Brasília. Especializada em política, testemunhou os principais acontecimentos da vida pública dos últimos vinte anos na esfera federal. É repórter especial do Jornal da Record e comanda o programa de entrevistas diário Brasília ao Vivo, na RecordNews. Neste Blog, Christina Lemos convida o internauta a acompanhar o dia a dia e os bastidores da política a partir de um olhar diferenciado, e a trocar ideias com quem está dentro da notícia. Bem-vindo!








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Manoel Messias Pereira

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