domingo, 25 de março de 2012

O FIM

Eu sou Eu, velho Pai. Olho de Peixe que procriou o oceano, o verme no meu próprio ouvido, a serpente enrolada na árvore,
Sento-me na mente do carvalho e me oculto na rosa, sei se alguém desperta, ninguém a não ser a minha morte,
vinde a mim corpos, vinde a mim profecias, vinde a mim agouros, vinde espíritos e visões,
Eu recebo tudo, morro de câncer, entro no caixão para sempre, fecho meus olhos e despareço,
caio sobre mim mesmo na neve de inverno, rolo numa grande roda pela chuva, observo a convulsão dos que fodem,
carros guincham, fúrias gemem, sua música de fagode, memória apagando-se no cérebro, homens imitando cães,
gozo no ventre de uma mulher, a juventude estendendo seus seios e coxas para o sexo, o caralho pulando para dentro derramando  sua semente nos lábios de Yin, feras dançando no Sião, cantando óperas em Moscou,
meus garotos excitados ao crepúsculo nas varandas, chego a Nova York, toco meu jazz num Clavicêmbalo de Chicago,
Amor me engendrou retorno a minha Origem sem nada perder, flotuo sobre o vomitório
empolgado por minha imortalidade, empolgado por essa infinitude na qual aposto e a qual enterro,
vem Poeta, cala-te, come minha palavra, e prova minha boca no teu ouvido.



Allen Gisberg

maior poeta norte-americano do Século XX

Paterson - Nova Jersey
(filho da comunista Naomi Gisberg)



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Manoel Messias Pereira

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