quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cabo Verde saúda "povo irmão" da Guiné- Bissau pelos 40 anos de independência


Da Redação, com Panapress

Cabo Verde deseja também "os maiores sucessos nas iniciativas em curso, em concertação com a comunidade internacional, tendo em vista a criação das condições suscetíveis de assegurar o desenvolvimento económico e social perene".


Praia - O Governo de Cabo Verde saudou o "povo irmão" da Guiné-Bissau por ocasião da comemoração dos 40 anos da declaração unilateral de independência de Portugal daquele país lusófono oeste-africano, a 24 de setembro de 1973 em Medina de Boé.

Num comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores (MIREX), o Governo cabo-verdiano saúda o "povo irmão", augurando os maiores sucessos nas iniciativas em curso para estabilizar o país, ao mesmo tempo que  manifesta total disponibilidade para apoiar o processo da normalização democrática.

"O Governo de Cabo Verde, atento aos laços privilegiados e inquebrantáveis que unem os cabo-verdianos ao povo irmão guineense, aproveita a oportunidade da comemoração para, em nome do povo de Cabo Verde, felicitar calorosa e fraternalmente o povo da Guiné-Bissau", lê-se no documento.

Cabo Verde deseja também "os maiores sucessos nas iniciativas em curso, em concertação com a comunidade internacional, tendo em vista a criação das condições suscetíveis de assegurar o desenvolvimento económico e social perene do país em bases sólidas".

O Executivo do primeiro-ministro José Maria Neves reafirma a "vontade firme" em "não poupar esforços" para o estreitamento das relações bilaterais e na diversificação da cooperação.

No comunicado, o Governo cabo-verdiano saúda também a diáspora bissau-guineense residente em Cabo Verde, garantindo que irá continuar a apoiar os esforços de todos os que escolheram o arquipélago para a concretização "de uma vida melhor e digna".

As relações entre Praia  e Bissau, dois países que fizeram uma luta comum contra o colonialismo português para a independência, têm conhecido momentos de tensão e crispação, na sequência do golpe de Estado de 12 de abril do ano passado que interrompeu a realização da segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau.

O Governo de Cabo Verde, tal como os dos restantes Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), recusou reconhece as atuais autoridades guineenses e tem defendido a realização de eleições gerais e o retorno à normalidade institucional.

Por outro lado, a ocorrência de alguns incidentes, como foi o caso da detenção em Bissau de dois polícias cabo-verdianos que escoltaram uma cidadã que cumpriu pena em Cabo Verde por tráfico de droga, têm contribuído para a deterioração das relações entre as autoridades dos dois países.

Numa entrevista concedida ao jornal português Expresso, a propósito dos 40 anos da independência da Guiné-Bissau, o ex-Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, acusou os militares bissau-guineenses de favoreceram a "tirania e a delinquência".

Em resposta, o porta-voz das Forças Armadas da Guiné-Bissau, Daba Naualna Daba Naualna, afirmou que "Pedro Pires está localizado à distância da Guiné" e, por isso, "não sabe o que diz e não diz o que sabe", mesmo julgando-se "conhecer a Guiné".

"Nós aqui não somos um bando de delinquentes e acho que há mais delinquência em Cabo Verde do que na Guiné-Bissau. Quem conhece sabe que assim é", atirou o brigadeiro-general, para quem "Pedro Pires devia pensar que Cabo Verde também é o responsável pela situação que a Guiné-Bissau passa".

"Temos Combatentes da Liberdade da Pátria que não só lutaram para a independência da Guiné, mas também para a independência de Cabo Verde e Cabo Verde não dá um centavo para ajudar a vida dos combatentes guineenses", disse Daba Naualna.

Na semana passada, primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, escusou-se a comentar as declarações do brigadeiro-general Daba Naualna e pediu a  todos para respeitar a soberania e a independência da Guiné-Bissau de modo e a não se intrometerem nos assuntos internos daquele "país irmão".

"Devemos também respeitar as autoridades constituídas na Guiné-Bissau, da mesma forma que Cabo Verde é um Estado soberano e também deve merecer o respeito de todos aqueles que se pronunciam sobre Cabo Verde", defendeu.

O chefe do Governo cabo-verdiano apelou igualmente à serenidade e à responsabilidade de todos para que "não haja confusões" que possam perturbar as relações entre  os dois países que fizeram uma luta comum pelas suas respetivas independências.


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Manoel Messias Pereira

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