segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Reflexão Liteária - crônica de Manoel Messias Pereira, poesia CarlosDrummond de Andrade, poesia Ana Cristina Cesar

Cronica de Manoel Messias Pereira
Ética do Amor

Entendo que os seres humanos, precisam restabelecer em suas vidas, sentimentos, de respeito, amor numa construção de valores que abranja uma ética humanística, espiritual, material e religiosa.
Para chegar neste processo de pensar a vida é obvio que assisto todos os dias, seres em convulsão em plena multidão, mas vivendo em plena solidão. Todos trazem o frio no olhar, a distância do outro  e todos guardam o medo de se abraçar.

Hoje a desconfiança entre os seres humanos é tal qual um escorpião, ou seja trair é natural. Para o jornalista britânico Matt Ridley "os genes determinam o comportamento das pessoas, desde as características físicas até a personalidade e as aptidões, mas esses elementos em vários graus, são influenciados pelo ambiente que altera a maneira como os genes são ativados". Daí a ideia de uma ética humana, em que trair não sejas possível, mas compartilhar esperanças, sorrir, abraçar, comer, beber, namorar, transar sexualmente, possa ser algo natural, com respeito e sem interferência do regime econômico ou político.

Para estabelecer essa ética social, que deva ser diferente de etiqueta social, é preciso desenvolver em cada ser o valor da espiritualidade.Há em cada olhar o espírito do amor, do luar, e há em cada flor, o doce sentimento da palavra, que permanece no silêncio poético do olhar e deixa a boca abrir apenas pra beijar.
A arte a ciência, a política são movidas pela misteriosa força pela vida.Portanto o amor é o princípio absoluto, o princípio divino, dos metafísicos, e o ponto de interrogação da Esfinge, a alma manter e a chave reveladora entre o homem e a criatura e Deus, seu criador. E é ele o amor que atrai os sexos, e faz duas almas fundir-se numa só. E no Velho Testamento encontramos o cântico 8:6-7 "grava-me como selo em teu coração, como um selo em teu abraço, pois o amor é forte é como a morte!. . .Ás águas torrentes jamais poderão apagar o amor, nem os rios afogá-los".


E pensando na matéria que precisamos garantir a todos a vida, com uma casa pra morar, roupa pra vestir, comida pra comer e um espaço e momentos pra sonhar e repensar o sonho de viver feliz, como diria Caetano Veloso em" cinema transcendental,"ser feliz é o melhor lugar, e o importante é ser feliz."
A chave do processo religioso é ter em cada ser humano, a busca de um horizonte de uma mãe, de uma natureza, de um bem maior responsável por todos e na infinita sabedoria dar-nos a livre interpretação de respirar o que escolhemos como ideológica  pra mastigarmos-nos, triturarmo-nos, sejam politicamente, economicamente, religiosamente ou sejas de todas as guerras nenhuma até hoje são religiosas, mas elaboradas em nome de um Deus, que ninguém  nunca viu. Mas todos eticamente livres, como a estátua da liberdade feita de pedra e é difícil tirar leite de pedra, mas a água mole em pedra dura tanto bate até fura. Amar é ter a ética de ser a água mole e bater a cabeça sobre a rocha .


Manoel Messias Pereira
Cronista
São José do Rio Preto-SP



Caetano Veloso - Quero ser justo


Poesia de Carlos Drummond de Andrade
A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste


Carlos Drummond de Andrade
poeta


Itabira - MG - Brasil

Cesária Évora - Saudade



Poesia de Ana Cristina Cesar

O nome do gato assegura minha virgília 

O nome do gato assegura minha vigília
e morde meu pulso distraído
finjo escrever gato, digo: pupilas, focinhos
e patas emergentes. Mas onde repousa

o nome, ataque e fingimento,
estou ameaçada e repetida
e antecipada pela espreita meio adormecida
do gato que riscaste por te preceder e

perder em traços a visão contígua
de coisa que surge aos saltos
no tempo, ameaçando de morte
a própria forma ameaçada do desenho
e o gato transcrito que antes era
marca do meu rosto,  garra no meu seio.

Ana Cristina Cesar

poetisa
São José do Rio Preto-SP.

 Rpshodia

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