sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Camarada Lenina falou em nome do PCB no Congresso do MST



Camarada Lenina falou em nome do PCB, no Congresso do MST

 MOVIMENTOS - POPULAR



O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST – comemora seus 30 anos de luta e vitórias com a proposta de radicalizar a luta pela reforma agrária. O lema “Lutar, Construir Reforma Agrária Popular” apresentado no IV Congresso Nacional e que contou com a presença de 15 mil delegados tem como objetivo repensar as ações, tarefas, desafios e do papel do Movimento nesse período histórico que se abre.

O Programa Agrário busca ampliar as lutas conjuntas com demais movimentos, da cidade e do campo e ampliar a atuação junto às bases. Segundo o documento “busca mudanças estruturais na forma de usar os bens da natureza, que pertencem a toda sociedade, na organização da produção e nas relações sociais no campo. Queremos contribuir de forma permanente na construção de uma sociedade justa, igualitária e fraterna.” Uma nova forma de agricultura, diferente do modelo capitalista, que seja voltada ao povo brasileiro. “Para isso precisaremos lutar e fortalecer nossa organização e a qualificação das nossas lutas para promovermos, junto com toda a classe trabalhadora, as mudanças estruturais da sociedade capitalista” (Programa Agrário do MST).

Na quinta-feira, 13 de fevereiro, aconteceu o Ato Político em apoio à Reforma Agrária. O PCB, em nome do Comitê Central leu uma nota política de apoio e um poema do camarada Mauro Iasi escrito especialmente para a comemoração dos 30 anos. Quem falou em nome do PCB foi a militante do partido, membro do CR de São Paulo, Lenina Vernucci da Silva. Lenina, além de representar o partido, estava como delegada pelo NARA – Núcleo de Ação pela Reforma Agrária e foi a única mulher a falar no ato político. Em entrevista, conta um pouco da sua luta junto ao MST.

O que é o NARA e como funciona sua atuação junto aos assentamentos e acampamentos do MST?

Lenina: O Núcleo de Ação pela Reforma Agrária atua em São José do Rio Preto, interior de São Paulo desde 2005. Foi criado por diferentes partidos políticos na época (PCB, PT, PSOl) e outros idealizadores para auxiliar na luta de um acampamento que chegava à região. Quem nos procurou foram os membros do MST e da CPT (Comissão Pastoral da Terra) do Assentamento Reunidas, em Promissão, um dos mais antigos do estado de São Paulo e possui uma forte militância, principalmente a Agrovila Campinas. Desejavam, há muito tempo, realizar um trabalho maior campo-cidade. A cidade, por meio do nosso núcleo, teria como papel: ajudar a divulgar a luta pela terra, mostrando um olhar diferente do propagado pela mídia; acompanhar os acampamentos que se formariam; fazer trabalho de base junto às famílias acampadas e assentadas. Futuramente poderia se tornar um núcleo urbano para agregar as famílias interessadas em voltar às raízes (um trabalho que ainda não começamos).

Mas você é sem terra?

Lenina: Segundo o lema do movimento “enquanto houver um sem terra, somos todos sem terra” eu me considero sim, ideologicamente e politicamente. Mas na prática não, sou da cidade, não tenho passado rural e nem interesse em batalhar por um lote meu. A minha luta é por justiça social, por reforma agrária e pelo fim da grande extensão de terras no país. Acredito que a cidade precisa se envolver nesse amplo debate para que se tenha uma nova forma de sociedade. O fim do latifúndio é uma luta de todos.

Como você avalia o 6° Congresso Nacional do MST?

Lenina: Foi muito emocionante ficar uma semana ao lado de trabalhadores e trabalhadoras na construção de um programa de luta pela terra e transformação social. O MST é um dos maiores movimentos sociais da contemporaneidade e ainda consegue, depois de 30 anos, despertar os maiores amores e temores possíveis. Tem muita força e coragem. Mas precisa se posicionar mais, precisa ter mais ousadia para romper definitivamente com o governo e ampliar sua atuação junto às classes trabalhadoras. Precisa – e senti falta desse posicionamento mais claro – definir concretamente um programa de ação mais radical, de ruptura com o sistema. A marcha, ocorrida dia 12, foi indício de que 2014 irá ampliar as jornadas de luta, irá mais para o embate. É isso que espero que ocorra.

Qual a importância do apoio demonstrado ao MST pelas várias entidades e organizações na luta pela Reforma Agrária?

Lenina: Naquele espaço estavam reunidos desde as organizações de esquerda até as mais moderadas e de centro, além de setores da Igreja e do governo. Isso é fantástico e ao mesmo tempo complicado. É fantástico ver como o movimento consegue agregar tantos apoios, o que mostra a atualidade de sua luta e sua beleza. Mas também mostra o quanto ainda está apegado ao governo e isso pode comprometê-lo. É preciso, como foi dito em uma das mesas, definir de que lado ele samba. Saí do congresso muito renovada e com certeza de estar cada vez mais junto ao movimento, levar para o NARA e para a cidade de Rio Preto como um todo, a experiência e aprendizado que o congresso proporcionou, mesmo que a resposta de ruptura não tenha sido dada. Isso significa que é um espaço em disputa muito importante e que nossa luta deve ser ainda mais forte.

Trinta anos

(aos 30 anos do MST)

Trinta anos não são trinta dias,

Um mês, mesada

São muitas águas passadas

Muitas que ainda hão de passar.

Trinta anos é uma vida Menina bonita, mulher,

Menino que virou rapaz,

Uma estrada que já deixou de longe

A porteira, muita gente com saudade,

Os pés doídos da caminhada

um vazio no peito da pessoa amada

e uma vontade doida de chegar.

Trinta anos é uma caminhada,

Marcha, movimento, jornada,

Muita pedra chutada,

Muita cerca arrancada

Muita esperança plantada

E também as coisas erradas

Que ajudam a acertar o rumo

De verdade onde queremos chegar.

Trinta grãos de areia na praia do tempo

Trinta gotas de sangue no mar do povo

Trinta badaladas navegando no vento

Anunciando o novo tempo que vai chegar

Quem tem seus noventa saiu na frente

E as vezes fica pra trás,

mas não nos perdemos,

pois temos um encontro marcado

No dia que este mundo vai mudar.

Mauro Iasi

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Manoel Messias Pereira

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