sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Comissão da Verdade acusa general por morte de Rubens Paiva


Comissão da Verdade acusa general por morte de Rubnes Paiva
Por Bernardo Mello Franco
RIO DE JANEIRO, RJ,  (Folhapress) -

 A Comissão Nacional da Verdade acusou hoje o general reformado José Antonio Nogueira Belham, 80, pela morte do deputado Rubens Paiva, preso e torturado pela ditadura militar.

O parlamentar era perseguido pelo regime e foi preso em 20 de janeiro de 1971. Morreu no dia seguinte, após sofrer espancamentos em bases da Aeronáutica e do Exército no Rio.
Belham comandava o DOI-Codi carioca, onde a vítima foi vista pela última vez. Ele foi ouvido pela comissão em 2013 e negou participação no caso. Após o surgimento de novas provas, recusou-se a prestar outro depoimento.

"O general Belham tem total ciência dos fatos ligados à morte e à ocultação do corpo de Rubens Paiva", afirmou o coordenador da comissão, Pedro Dallari.
"Ele está vivo, sabe o que que aconteceu e tem a obrigação moral de dizer onde estão os restos mortais", acrescentou.

A Comissão da Verdade também apontou, na quarta-feira, o então tenente Antonio Fernando Hughes de Carvalho, morto em 2005, como um dos assassinos de Rubens Paiva. Ele foi visto por dois militares agredindo o deputado.

A comissão vai pedir à Câmara dos Deputados que instale uma CPI para obrigar o oficial a depor. Em 2012, a Casa devolveu simbolicamente o mandato de Paiva, cassado pelos militares em 1964.
Belham não foi localizado ontem, e o Exército voltou a se recusar a dar informações sobre o caso.
Rosa Cardoso, da Comissão da Verdade, disse que o órgão se esforçará para descobrir o paradeiro do corpo até o fim do ano. Ela comparou o caso ao desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, em 2013, no Rio.

"A sociedade, assim como no caso do Amarildo, ainda se pergunta onde está Rubens Paiva. A dúvida não cala."
Novas provas
Belham disse estar de férias quando Paiva foi preso. Mas a comissão descobriu documentos que atestam que ele não só estava no local como examinou papéis apreendidos com o deputado.
Além disso, duas testemunhas disseram ter avisado ao general que Paiva estava gravemente ferido pelas sessões de tortura, com hemorragia abdominal, e precisava ser hospitalizado com urgência.
Isso não ocorreu. Após a morte, militares do DOI-Codi encenaram uma farsa para sustentar que o deputado teria sido libertado em ação da guerrilha. A versão foi derrubada recentemente pelo coronel reformado Raymundo Ronaldo Campos.

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Manoel Messias Pereira

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