quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Por uma Compreensão dos Conceitos de Práticas e Representações: Revistas Femininas e Apropriação das Mulheres Leitoras




por Marcela Taveira Cordeiro e Jemima Fernandes Simongini

Sobre a primeira autora[i]

Na revista Capricho[ii] do ano XII nº 143 Janeiro de 1964, nas páginas 32 a 35 na matéria com o título "Moda: Blusas em desfiles"[iii] observe-se o seguinte trecho:

Num guarda-roupa feminino, não existe peça mais útil e indispensável que a blusa. Principalmente para a môça[iv] que trabalha fora, saia e blusa é o traje ideal, pois além de simples e prático, veste bem e permite inúmeras variações. Com quatro blusas e duas saias, pode-se fazer uma boa figura.

Mesmo para a noite, as blusas estão em grande moda, acompanhadas por saias retas, feitas em cetim ou outro tecido bem toalete.

Sempre blusas! Blusas esporte, sóbrias, com as golinhas clássicas, blusas diáfanas, blusas extravagantes, mas todas bonitas, elegantes, e principalmente, muito femininas.

Acompanhando o texto há fotos em preto e branco onde, abaixo das imagens de modelos vestindo diferentes blusas, constam legendas informando a cor, o material, tamanho das mangas e acessórios das blusas como: "gola em forma de gravata". Assim essa matéria apresenta uma orientação de como ser elegante: "pode-se fazer uma boa figura". A revista também aconselha as mulheres que trabalham e como elas podem utilizar a blusa tanto no trabalho, como em eventos sociais noturnos, aqui fica mais evidente essa versatilidade da mulher que está no mercado de trabalho e ao mesmo tempo tem seus outros compromissos.

Com efeito, o discurso das revistas femininas, no caso, do periódico da Capricho faz parte da relação de como as mulheres leitoras podem ser comportar em certos lugares e como se apresentar de forma mais "civilizada" e "correta"[v]. Como podemos ver a própria revista Capricho diz o que pretende com seus suplementos, ou seja, trata-se de "revistas que você lê com prazer. Revistas que você pode levar para casa. Revistas que educam, entretêm; revistas feitas pensando-se em você" (CAPRICHO, 1967, p.78).

Deste modo, o comportamento é modelado por práticas discursivas em que se estabelecem formas de condutas e para pensá-las partimos da seguinte reflexão "os objetos parecem determinar nossa conduta, mas, primeiramente, nossa prática determina esses objetos"[vi] (VEYNE, 1998, p. 249), ou seja, compreendendo as práticas pelo que falamos pelo que fazemos e pelo que acreditamos, como podemos ver nas palavras do historiador Paul Veyne:

a prática não é uma instância misteriosa, um subsolo da história, um motor oculto: é o que fazem as pessoas (a palavra significa exatamente o que diz). Se a prática está, em certo sentido, "escondida", e se podemos, provisoriamente, chamá-la "parte oculta do iceberg", é simplesmente porque ela partilha da sorte da quase-totalidade de nossos comportamentos e da história universal: temos, freqüentemente, consciência deles, mas não temos o conceito para eles (VEYNE, 1998, p. 248).

Então fazemos certas coisas partindo daquilo que objetivamos e não paramos para pensar, normalmente fazemos inconscientemente.

Segundo Paul Veyne:

[...] é preciso desviar os olhos dos objetos naturais para perceber uma certa prática, muito bem datada, que os objetivou sob um aspecto datado com ela; pois é por isso que existe o que chamei anteriormente, usando uma expressão popular, de "parte oculta do iceberg": porque esquecemos a prática para não mais ver senão os objetos que a reificam a nossos olhos (VEYNE, 1998, p. 243).

O autor indica que são as práticas que criam os objetos partindo das objetivações, pois estabelecemos esse elemento como se fosse natural, porém as práticas mudam conforme a sociedade muda, como exemplo, "em vez de acreditar que existe uma coisa chamada os governados relativamente à qual os governados se comportam, que os governantes podem ser tratados seguindo práticas tão diferentes, de acordo com as épocas, que os ditos governados não têm senão o nome em comum" (VEYNE, 1998, p. 243). Deste modo, há tantas mudanças e práticas que não reconhecemos e isso não ocorre de forma pacífica havendo embates e relações de poder.

As revistas Capricho são entendidas como uma das mais importantes do período, no caso o Brasil dos anos sessenta, pelo seu significativo número de venda. Este veículo parece voltado para o público feminino, ou seja, as leitoras da revista. Temos páginas e páginas de representações sobre o mundo das mulheres daquela época, como as sessões de moda, beleza, culinária, espaços para tirar dúvidas, contos, além das famosas fotonovelas.

Pensamos ser pertinente compreendê-las enquanto uma dimensão constitutiva da vida social dos indivíduos e da dinâmica social, pois as representações sociais que aparecem nas formas de comportamento e etiqueta veiculadas à revista, compreendem que as formas de conduta que são resultantes da sociabilidade criando desta maneira formas de identidade, são algo importante para "as práticas partilhadas que atravessam os horizontes sociais" (CHARTIER, 1990, p.134).

Tomamos estas revistas como lugar de compartilhamento de desejos do público feminino, em que objetiva-se uma maneira de ser e ao mesmo tempo é um modelo de comportamento que é acreditado pelas mulheres que lêem e praticam na sociedade de modos diversos.

Deste modo, compreendemos o conceito de representação a partir das reflexões do historiador Roger Chartier em que "o real assume assim um novo sentido: aquilo que é real, efetivamente, não é (ou não é apenas)" (CHARTIER, 1990, p.63), pois a noção de representação é contribuinte de que o real existe somente como representado, no sentido de que há uma organização, uma historicização de evidências e assim podemos dizer que as representações são práticas sociais, ou seja, nossas crenças, aquilo que fazemos e acreditamos e que normalmente não questionamos, isto é, o que entendemos das coisas, é uma representação, no qual

[...] um repertório de motivos e de comportamentos que são partilhados pelo conjunto da sociedade (o que não significa que sejam pensados ou manejados por todos da mesma maneira) (CHARTIER, 1990, p.200).

As representações são formas de ser e estão na construção da identidade em determinada realidade.

Chartier reitera sua convicção de que "a cultura não se situa acima e abaixo das relações econômicas e sociais, nem pode ser alinhada com elas" (Apud, HUNT, 1992, p.25). "Todas as práticas, sejam econômicas ou culturais, dependem das representações utilizadas pelos indivíduos para darem sentido a seu mundo" (HUNT, 1992, p.25). Assim o conceito de representação em Chartier permite a compreensão do social e do cultural, dando ênfase na noção de apropriação que para o autor "permite pensar as diferenças na divisão, porque postula a invenção criadora no próprio cerne dos processos de recepção" (CHARTIER, 1990, p.136).

O autor para discutir a questão da apropriação, partiu das ideias de Michel de Certeau, em que "é necessário voltar-se para a "proliferação disseminada" de criações anônimas e "perecíveis" que irrompem com a vivacidade e não se capitalizam" e assim para compreender o processo de apropriação proposto por De Certeau, precisamos entender dois conceitos essenciais: estratégia e tática.

As estratégias são "[...] o cálculo das relações de forças que se torna possível a partir do momento em que um sujeito de querer e poder é isolável de um ambiente . [...]" (CERTEAU, 1994, p. 46). As táticas, por outro lado, se constituem do conjunto de operações realizadas para "[...] tirar partido de forças que lhe são estranhas." (CERTEAU, 1994, p. 47), ou seja, as estratégias vêm dos "fortes" como, por exemplo, as instituições, já as táticas são que as pessoas comuns utilizam os "fracos". Pois o leitor não tem uma produção registrada, nesse sentido, "atividade cultural dos não produtores de cultura, uma atividade não assinada, não legível, mas simbolizada [...]" (CERTEAU, 1994, p. 44). Ele faz uma bricolagem ou "á inventividade artesanal , à discursividade que combinam estes elementos, todos recebidos, e de cor indefinida" (CERTEAU, 1994, p. 46), que seria, "[...] operações heterogêneas que compõem os patchwords do cotidiano" (CERTEAU, 1994, p. 46).

Deste modo, o leitor pega algo e faz várias coisas, no caso, as leitoras das revistas, poderiam compartilhar aquilo que presenciassem e assim reapropriariam conforme suas necessidades, pois as práticas ou "as maneiras de fazer" como aponta Michel de Certeau de "contrapartida, do lado dos consumidores (ou dominados?), dos processos mudos que organizam a ordenação sócio-política" (CERTEAU, 1994, p. 41). Aqui fica evidente que as maneiras de fazer "constituem as mil práticas pelas quais os usuários se reapropriam do espaço organizado pelas técnicas da produção sócio-cultural" (CERTEAU, 1994, p. 41). Em outras palavras "a leitura introduz, portanto uma "arte" que não é passividade" (CERTEAU, 1994, p.50), o autor está falando dos procedimentos do consumo.

Já para Chartier deve-se "compreender a apropriação do texto como uma mediação necessária a constituição e a compreensão de si mesmo" (CHARTIER, 1990, p.24). Ou seja, as pessoas se apropriam e dão valores para essa apropriação.

E ainda mais, não pensar a revista como uma imposição como diz André Luiz Joanilho

O leitor não é passivo diante de um maquinário que lhe impõe o que ler e como ler. A despeito das imposições, ele toma o texto para si e o faz funcionar de outro modo, criando formas diferentes de leitura e de compreensão em conformidade com a sua posição social, experiências de vida, educação. Enfim, a sua história lê histórias. Porém, as publicações buscam alcançar essa "disfunção" que ocorre no tempo a partir do lugar, ou seja, se aproximar dessas práticas cotidianas, levando para o leitor aquilo que ele próprio deseja (JOANILHO, 2008, p.537).

O leitor procura aquilo que ele próprio quer que faça parte de suas vivências cotidianas e, assim as "artes de fazer" isto é,

em consumos combinatórios e utilitários. Essas práticas colocam em jogo uma ratio popular , uma maneira de pensar investida numa maneira de agir, uma arte de combinar indissociável de uma arte de utilizar (CERTEAU, 1994, p. 42).

Portanto não há um lugar para acumular a apropriação do leitor, que na realidade, para o autor, são táticas do consumidor no tempo.

Seguindo o mesmo raciocínio que está sendo discutido com outros autores, o filósofo Gilles Lipovetsky nos chamou atenção quando fala sobre as revistas femininas:

Mas nunca é demais insistir no fato de que as leitoras de revistas não se assemelham sistematicamente a seres passivos, conformistas e desvalorizados na imagem que têm de si pelo brilho das fotografias de moda. Estas funcionam também como sugestões positivas, fontes de idéias que permitem mudar o look, valorizar-se, tirar melhor partido de seus trunfos. Evidentemente, as mulheres imitam modelos, mas, cada vez mais, apenas aqueles que consideram passíveis de apropriação, e de acordo com sua auto-imagem. Folheando as páginas ilustradas das revistas, as mulheres selecionam tal tipo de maquiagem, tal modelo de penteado ou traje, escolhem, eliminam, retêm que correspondem à sua personalidade, às suas expectativas, aos seus gostos. Consumidoras de imagens, nem por isso as mulheres são menos protagonistas, fazendo um uso pessoal e criativo dos modelos propostos em grande número. Evitemos diabolizar a mídia feminina: é preciso interpretar sua ação ao mesmo tempo como meio de direção coletiva dos gostos e como um vetor de personalização e de apropriação de estética de si (LIPOVETSKY, 2000, p.168).

Podemos perceber como as revistas femininas foram e de certa maneira ainda são importantes na vida das mulheres até hoje. Segundo Lipovetsky quando as mulheres fazem o ato de folhear as páginas das revistas, retém aquilo que está ligado ao seu gosto. Neste sentido "gostos de classe" têm-se o sociólogo Pierre Bourdieu que aborda como se da à divisão da cultura por meio dos estilos de vida. Para o autor o gosto é a

propensão e aptidão à apropriação (material e/ou simbólica) de uma determinada categoria de objetos ou práticas classificadas e classificadoras, é a fórmula generativa que está no princípio do estilo de vida. O estilo de vida é um conjunto unitário de preferências distintivas que exprimem, na lógica específica de cada um dos subespaços simbólicos, mobília, vestimentas, linguagem ou héxis corporal, a mesma intenção expressiva, princípio da unidade de estilo que se entrega diretamente à intuição e que a análise destrói ao recortá-lo em universos separados (BOURDIEU, 1983, p.83-84).

Segundo autor "às diferentes posições no espaço social correspondem estilos de vida, sistemas de desvios diferenciais que são a retradução simbólica de diferenças objetivamente inscritas nas condições de existência" (BOURDIEU, 1992, p.82). Deste modo, é nas práticas que vemos as distinções simbólicas, como por exemplo, distrações culturais, esportes, que para Bourdieu "estão na unidade originariamente sintética do habitus[vii], principio unificador e gerador de todas as práticas" (BOURDIEU, 1992, p.83).

Como podemos ver, o gosto faz parte dos estilos de vida e ao mesmo tempo uma forma de diferenciação de classe por meio das práticas, assim as revistas femininas fazem parte de um gosto de um público determinado, as leitoras das revistas, ou seja, temos uma forma de demarcação de identidade a partir das diferenciações daquilo que é consumido.

Afinal, "as estruturas do mundo social não são um dado objetivo, tal como o não são as categorias intelectuais e psicológicas: todas elas são historicamente produzidas pelas práticas articuladas (políticas, sociais, discursivas) que constroem as suas figuras" (CHARTIER, 1990, p.27).

Comportamento e o autocontrole por Norbert Elias

Para discutir a questão da sociabilidade partimos das ideias de Norbert Elias, apresentadas no livro "A Sociedade dos Indivíduos" onde se pressupõe que "indivíduo" e "sociedade" são entidades compreendidas por nós como se constituíssem coisas diferentes e até opostas, porém, a reflexão sobre ambas demonstra que esta só é possível se tomadas como conjunto. Segundo o autor "A relação entre os indivíduos e a sociedade é uma coisa singular [...] para compreendê-los, é necessário desistir de pensar em termos de substâncias isoladas únicas e começar a pensar em termos de relações e funções" (ELIAS, 1994, p.25). Ou seja, os seres humanos são ao mesmo tempo constituídos pelas suas características individuais, ou melhor, são constituídos nas relações entre si, como também pelos padrões sociais. Então seguindo essa lógica temos uma sociedade no sentido relacional. Como podemos perceber nesse exemplo:

Vamos imaginar como símbolo da sociedade, um grupo de bailarinos que execute uma dança de salão, como a française ou a quadrilha, ou mesmo uma dança de roda do interior. Os passos e mesuras, os gestos e movimentos feitos por cada bailarinos são todos inteiramente combinados e sincronizados com os dos demais bailarinos. Se qualquer dos indivíduos que dançam fosse considerados isoladamente, as funções de seus movimentos não poderiam ser entendidas. A maneira como o indivíduo se comporta nessa situação é determinada pelas relações dos bailarinos entre si (ELIAS, 1944, p. 25).

Assim, podemos compreender que esse processo é similar com o comportamento dos indivíduos de um modo geral. Pois segundo Elias cada um vive em torno dessa teia de relações e funções que se denomina configuração.

Segundo o autor, o comportamento - "modo como os indivíduos se portam é determinado por suas relações passadas ou presentes com outras pessoas". (ELIAS, 1994.p.26). Conseqüentemente a orientação da conduta é determinada a partir da necessidade ou de laços de dependência produzido geralmente pela própria estrutura social. Elias fala sobre uma ordem oculta no qual cada indivíduo faz parte de um lugar, pois pensando no indivíduo relacional não existe um todo social, porque a vida é repleta de contradições, tensões com um fluxo contínuo, que pode variar com uma mudança mais rápida ou mais lenta das formas que vivenciamos dependendo de cada configuração específica, portanto, esta é uma dinâmica social.

Como vivemos dentro de uma sociedade que cada pessoa faz parte de um lugar, Elias diz "há claramente uma ordem oculta e não diretamente perceptível pelos sentidos [...] mas oferece ao indivíduo uma gama mais ou menos restrita de funções e modos de comportamentos possíveis" (ELIAS, 1994.p.21). Então é partindo de uma ação individual que se liga aos outros numa pluralidade, ou seja, em uma sociedade.

Norbert Elias aponta no livro "O Processo Civilizador" que depois da Idade média passamos a reprimir as pulsões, e assim nessa relação mútua há o autocontrole que faz parte da dependência comportamental das pessoas, mas esse autocontrole caracteriza-se como uma mudança de caráter individual, pois os impulsos afetivos e emocionais não puderam mais ser vivenciados como antes nas relações habituais. A partir desse ponto, muitos impulsos afetivos foram controlados interiormente, impedindo a manifestação de comportamentos violentos. Segundo o autor

"por mais certo que seja que toda pessoa é uma entidade completa em si mesma, um indivíduo que se controla e que não poderá ser controlado ou regulado por mais ninguém se ele próprio não o fizer, não menos certo é que toda estrutura de seu autocontrole, consciente e inconsciente, constitui um produto reticular formado numa interação contínua de relacionamentos com outras pessoas, e que a forma individual do adulto é uma forma específica de cada sociedade" (ELIAS, 1994, p.31).

Para Elias as coerções que se originam no cerne da própria teia de interdependência[viii], levam os indivíduos a se comportarem de determinada maneira, o que mantém estabilizadas as práticas e atividades sociais, pois "toda maneira como o indivíduo se vê e se conduz em suas relações com os outros depende da estrutura da associação ou associações a respeito das quais ele aprende a dizer nós" (ELIAS, 1994, p.39).

O "controle das emoções" é algo tão enraizado nos indivíduos, através das coerções que, desse modo, não percebermos nas práticas sociais, pois essa conduta é naturalizada interiormente e isso só foi possível com a separação entre nossos comportamentos no âmbito público e no âmbito privado. Como diz Elias

[...] com o avanço da civilização a vida dos seres humanos fica cada vez mais dividida entre uma esfera íntima e uma pública, entre o comportamento secreto e o público. E esta divisão é aceita como tão natural, torna-se um hábito tão compulsivo, que mal é percebida pela consciência. (ELIAS, 1990, p.188).

Este autocontrole humano é flexível e maleável, e se transforma com o processo histórico, pois partindo do pressuposto que os sujeitos são ao mesmo tempo indivíduo e sociedade como já foi apontado Elias compreende, portanto, que essa individualização é decorrente do processo social, destacando que foi produto das transformações ocorridas no mundo ocidental. O autor pensa processo como uma dinâmica social, ou seja, sociedades humanas estão sujeitas as mudanças constantes.

Portanto, a estrutura e a configuração do controle comportamental de um indivíduo, nosso caso das mulheres dos anos sessenta, dependem da estrutura das relações entre os indivíduos e o próprio autocontrole que o sujeito exerce em si, através dessa ordem oculta produzida na configuração social na maneira de se conduzir e com o trato com as pessoas.

Nestes dois livros citados do sociólogo Norbert Elias, podemos observar a articulação e ao mesmo tempo os desdobramentos do autor sobre o conceito de autocontrole e a relação entre indivíduo e sociedade.

Fizemos alguns apontamentos dos pressupostos conceituais sobre as representações sociais e práticas das mulheres leitoras, deste modo, uma perspectiva interdisciplinar para se analisar comportamento e etiqueta nas revistas femininas dos anos sessenta.

Fontes citadas

CAPRICHO, revista. Ano XII nº 143 Janeiro de 1964.

CAPRICHO, revista. Ano XV nº 179 Janeiro de 1967.

Bibliografia

CAMARGO, Ana Amélia, ABRAMOVAY, Ricardo, Êxodo rural, envelhecimento e masculinização no Brasil: panorama dos últimos 50 anos. N°621. Rio de Janeiro,1999.

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa: DIFEL, 1990.

CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: arte de fazer. Petrópolis: Vozes, 1984.

ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos; org. Michael Schroter; trad. Vera Ribeiro; Revisão técnica e notas; Renato Janine Ribeiro. Jorge Zahar: RJ, 1994.

______. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.

JOANILHO, André Luiz. Sombras Literárias: a fotonovela e a produção cultural. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 28, n. 56, 2008.

LIPOVETSKY, Gilles. A terceira mulher: permanência e revolução do feminino. Tradução: Maria Lucia Machado São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

QUINTANEIRO, Tania. Processo civilizador, sociedade e indivíduo na teoria sociológica de Norbert Elias. MG: Argvmentvm, 2010.

ORTIZ, Renato (org). Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Atica, 1983.

VEYNE, P.M. Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história. 4º edição. Brasília: EDUNB, 1998.

Anexo



Revista Capricho do ano XII nº 143 Janeiro de 1964, pág. 32-35 "Moda: Blusas em desfiles". Aqui são as páginas 32 e 33


[i] Marcela Taveira Cordeiro Mestranda no PPGHS, Universidade Estadual de Londrina e Jemima Fernandes Simongini Mestranda no PPGHS, Universidade Estadual de Londrina (Bolsista da Capes), ambas sob orientação do Prof. Dr. André Luiz Joanilho.

[ii] Começou a ser veiculada no 1952 pela Editora Abril.

[iii] Em anexo.

[iv] Grafia segue a proposta pela época da edição da revista.

[v] Dessa forma, se faz necessário à compreensão contextual dos anos 1950 e início dos anos1960 ocorreram muitas mudanças em todos os âmbitos da sociedade, seja no cultural, no político e no social, dentre esses, as migrações como, por exemplo, da zona rural para zona urbana como diz Ana Amélia Camargo e Ricardo Abramovay "nenhuma região brasileira, em qualquer momento de sua história, sofreu uma emigração tão importante quanto o sudeste rural dos anos 60: nada menos que 6 milhões de pessoas deixam o meio rural da região, metade de toda a migração rural nacional e 46,5% dos que habitavam o meio rural sudeste em 1960 [...] A erradicação de cafezais, sua substituição por pastagens e a dissolução das colônias de fazendas que se seguiu à maneira como a legislação trabalhista foi usada em situação de regime militar contribuíram para este impressionante movimento populacional do Sudeste" (ABRAMOVAY & CAMARGO, 1999, p.09-10). Assim podemos pensar que os deslocamentos forçavam as pessoas a buscarem novos modos de sociabilidade e de reconstrução identitária.

[vi] Aqui o historiador Paul Veyne está dialogando com as ideias do filósofo Michel Foucault.

[vii] "Sistema de disposições duráveis e transponíveis que exprime, sob a forma de preferências sistemáticas, as necessidades objetivas das quais ele é o produto" [...] (BOURDIEU, 1982, p. 82).

[viii] "Formadas entre os seres humanos e que os liga, ou seja, uma estrutura de pessoas mutuamente orientadas e dependentes" (QUINTANEIRO, 2010, p.28). As "redes de interdependências" é o que Elias chama de configuração.





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