domingo, 16 de março de 2014

Reflexão Literária - Manoel Messias Pereira, Afonso Romano Sant'Anna e José Saramago

Poesia de Manoel Messias Pereira
Fala e caminhada proletária

Há uma densidade
em minha existência
e uma caminhada tensa
e, minhas frases e poemas
são tristezas, são duras,
graças as origens e,
a permanência dos sistemas
político econômico
que de forma ritualística
suga, desidrata, a vida
da classe trabalhadora.
E a forma como estendo
as mãos aos outros
não é um refúgio metafísico
mas de fato o que assimilo
graças a minha capacidade
imanentemente dialética
de desatar os nós da
contradição da vida,
e não me venham
com fundamentos e moralidades
não sou fruto de audácias
intelectuais, mas sim faço
parte de um contexto
em que há um realismo,
um naturalismo,
e que por traz de um multiculturalismo
escondem-se segredos
como discriminações, racismo,
preconceitos e sexismos.
Há historicidade neste texto,
e minha caminhada é tensa
parte da minha vida
de luta proletária, da minha existência.


Manoel Messias Pereira
poeta
São José do Rio Preto - SP - Brasil


poesia de Afonso Romano Sant'Anna

Definição

O corpo é onde
é carne:

o corpo é onde
há carne
e o sangue
é alarme.

O corpo é onde
é chama:

o corpo é onde
há chama
e a brasa
inflama.

O corpo é onde
é luta:

o corpo é onde
há luta
e o sangue
exulta.

O corpo é onde
é cal:

o corpo é onde
há cal
e a dor
é sal.

O corpo
é onde
e a vida
é quando.


Publicado no livro Canto e palavra (1965).
Afonso Romano Sant'anna

poeta
Belo Horizonte - MG - Brasil



Poesia de José Saramago
Demissão

Este mundo não presta, venha outro. 
Já por tempo de mais aqui andamos 
A fingir de razões suficientes. 
Sejamos cães do cão: sabemos tudo 
De morder os mais fracos, se mandamos, 
E de lamber as mãos, se dependentes. 

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

poeta português





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